domingo, 6 de março de 2011

Submundo News

O Sobrinho Do Mago

DIGORY

O menino semelhante a C.S.Lewis, o próprio escritor, perdeu a sua fé ao ver de perto doença de sua mãe. Tornou-se rabugento e incrédulo, assim como Lewis ficou quieto e tornou-se ateu após a morte de sua figura materna, aos 9 anos. Apesar disso, Digory manteve um caráter bom, que é possível de reparar em momentos como quando, por conta da manipulação de seu tio mas, principalmente, para proteger a amiga, ele seguiu a Polly ao Bosque Entre Mundos. Ele cuida e protege a garota pela qual ele nutre um carinho e amizade profunda mesmo sem saber se voltará.

Seu ceticismo, ou sua fé escondida por raiva, teria ódio de Deus por conta do câncer de sua mãe, faz com que caia em tentação em Charn, na sala dos reis e rainhas congelados, quando toca o sino, mesmo sabendo que poderia ser errado. Mais tarde, quando assiste maravilhado à criação de Nárnia, Digory recupera sua fé. A voz de Aslam é como se fosse um chamado de volta para a crença, de tal forma que ele percebeu o poder de Aslam para salvar sua mãe e, com fé e esperança, perguntou a ele o que poderia ser feito. Ao invés de responder, Aslam o enviou para pegar um fruto. Digory viaja sem indagar o porquê, em uma clara manifestação de obediência e fé. Estes são também os mesmos traços que ele usa para encarar e vencer a tentação de comer o fruto da árvore da vida. A grande fé deu a ele a recompensa: a cura de sua mãe.

Simbolicamente, Digory pode ser considerado o cristão que, por conta de decepções próprias, transporta a culpa de seus erros para Deus e rejeita, depois, a existência deste. É o convertido que passa por uma crise e volta para a religião com um novo chamado de Deus, no caso, a música de criação de Nárnia. Verifica-se nele, também, certa inquietação e nervosismo frente a fé e a Aslam. “De qualquer forma, era o mais belo som que ele já ouvira. Tão bonito que chegava a ser quase insuportável”, conta um trecho. Esta inquietação também está na forma que ficou nervoso com a aproximação do Leão, um comportamento típico (embora seja um estereótipo) do cristão que se afastou ao voltar para Deus: a vergonha por seus atos anteriores, como a tentação do sino da personagem. Mas, ao contrário de Adão e Eva, Digory não come a fruta da vida. Essa é uma tentação que ele consegue superar por já ter recuperado sua crença em Deus. Esta obediência seria a atitude do “reconvertido” em renovar-se.

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“Um menininho sem sal e facilmente manipulável, assim como o Edmundo, e o Eustáquio, mas isso é assunto pra outros livros...” – Feiticeira Verde, rainha do Submundo.

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